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O ego e a maternidade



Quando fiz meu curso de formação pensei ter compreendido o que é o ego. Já havia visto na faculdade esse tal de ego, id, superego….. Mas foi só na formação de instrutor de yoga é que pensei: “agora sim entendo o que esse tal de ego significa.”

Isso foi meu ego dizendo: “é claro que você entendeu! Você é inteligente demais para não entender. Você está estudando coisas complexas e sutis, como não iria entender?!”


Depois, ao estudar textos védicos, compreendi melhor o quê significa, e a relação entre o meu verdadeiro eu e a minha condição humana. Eu sou muito mais do que o meu ego diz que eu sou.


Fazemos planos na esperança de que dêem certo, mas nada está sob nosso controle. Podemos apenas direcionar o resultado das ações, mas o resultado delas é algo que não podemos controlar. Ao mesmo tempo, nosso ego diz que podemos sim controlar o resultado de nossas ações, e daí vem a frustração.


Mas a maternidade é um tapa na cara que, pra mim, foi maior do que iniciar os estudos de Vedanta. Quando a gente inicia os textos védicos, nosso ego tende a ser desconstruído para ser “reconstruído” de acordo com a tradição. Nem todo mundo está preparado. É um início tenso, mas que vale a pena.


Já a maternidade…ah, a maternidade… essa sim destruiu o meu ego. Atropelou, passou por cima do ego sem dó nem piedade.


Na minha primeira gravidez não havia percebido a grandeza da experiência. E algo me fez sentir que eu deveria ter uma segunda gestação para entender melhor o processo humano, e entender melhor quem realmente sou.


Antes mesmo de parir, a mulher já tem experiências que o ego “não permite”, e isso é muito profundo nela. O fato de ficar esquisita, alterações hormonais que mexem com o emocional, a total falta de controle das mudanças físicas e emocionais. As vezes descontrole dos esfíncteres, dores pelo corpo e a impossibilidade de tomar qualquer remédio para amenizar. A incapacidade de trabalhar ou se deslocar em algum momento da gestação. A dependência dos outros para fazer coisas idiotas do dia a dia. Enfim, o total descontrole sobre seu corpo e suas emoções é um chute na boca do estômago do ego. E se você não estiver preparada, vai surtar. O ego reage e te derruba.


Durante o processo da maternidade, antes, durante e no pós parto, você tem que observar as coisas acontecendo fora do seu controle e pensar ” e….tá tudo bem”. “Não consegui tomar banho, e tá tudo bem”; “não consegui comer e tá tudo bem”; “não consigo trabalhar, e tá tudo bem”, “perdi todo o meu formato do corpo, peito e barriga não são como antes, e tá tudo bem”.


O ego vai te puxar o tempo todo pra briga. Mas se você se entregar, você se frustra e sucumbe.


Por outro lado, se você realmente reconhece que é seu ego falando, e que você é muito mais do que um corpo, do que suas vontades, se você reconhece que tudo isso é apenas sintoma da sua condição humana e que você é muito além, você é capaz de perceber a beleza do que o universo está te mostrando.


Quando seu ego olha, ele vê caos e frustração. Quando você vê, você enxerga Deus e sua beleza. Você se vê a própria beleza.

Depois da minha segunda experiência de maternidade eu compreendo um pouco melhor o que é o ego.


E, para mim, a experiência humana de maior impacto sobre a desconstrução do ego é a maternidade, a maternidade consciente e responsável. Se existe experiência mais impactante, eu desconheço (e espero conhecer um dia, mas não agora, porque com dois filhos já está tenso, kkkkk).


Filhos, mamãe ama vocês. E sou grata pela incrível experiência que vocês me proporcionam a cada minuto.


OM


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