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Quem merece o lixo?

Há uns anos li um texto no Facebook onde o autor reclamava, e com razão, do que acontece na maioria dos blocos de rua no Rio de Janeiro.

Morador de Copacabana, viu seu bairro ser invadido por “foliões”, ladrões, drogados, tarados… e toda sorte “comportamentos duvidosos”.

Realmente, os moradores locais não merecem estar no meio de uma situação dessas. Quase sem poder sair de casa com receio de ver ou sofrer algo desagradável.

Ao concluir o texto o autor faz uma sugestão que me colocou a pensar: ” Levem essa bagunça para o Sambódromo.

Preservem o bairro que é a região nacional mais conhecida do mundo e é o cartão postal do Brasil.”

Cara, tudo bem não se considerar merecedor de tais comportamentos. Ele está certíssimo ao meu ver.

Mas a pergunta que me faço é:

O que faz do autor um ser humano diferente daqueles que ele repudia?

Ele considera os frequentadores do sambódromo merecedores de tal comportamento, da mesma forma que aqueles que estavam no bloco consideraram os moradores de Copacabana merecedores.


Não querer ser a “latrina” não quer dizer que você saiba julgar quem mereça ser.

E aí entra uma questão comportamental crítica: todo abusador já foi abusado um dia.

Esse morador está sendo “abusado” pelo tal bloco de rua e, por isso, passa a ser o “abusador” quando considera legítimo desejar o mal recebido (o bloco) a um outro alguém (sambódromo).

Não acredito que devemos desejar ao outro o que não queremos para nós mesmos.

Talvez seja o momento de repensar esse ciclo vicioso, e parar, em nós, essa cadeia de abusos e julgamentos. Ninguém é melhor que ninguém.

Quem merece o lixo? Ninguém. Temos o direito de não querer o lixo, mas não temos o direito de julgar quem mereça.



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